domingo, 7 de março de 2010

Lenda da criação da mulher...

Conta uma lenda que, no princípio do mundo, quando
Deus decidiu criar a mulher, descobriu que havia esgotado todos os materiais sólidos no homem.

Diante dessa dificuldade e depois de profunda meditação, fez o seguinte:
tomou a redondeza da Lua, as curvas suaves das ondas, a terna aderência de uma planta trepadeira, o trêmulo movimento das folhas, a esbeltez da palmeira, a cor delicada das flores, o olhar amoroso da corça, a alegria do raio de sol e as gotas de pranto das nuvens, a inconstância do vento e a fidelidade do cão, a modéstia do lírio e a vaidade do pavão, a suavidade da pluma do cisne e a dureza do diamante,
a doçura da pomba e a crueldade do tigre, o ardor do fogo e a frieza da neve.

Com essa mistura de ingredientes tão desiguais, criou a mulher e deu-a ao homem.
Depois de uma semana, o homem veio e lhe disse:

"Senhor, a criatura que me destes me faz infeliz: quer toda a minha atenção,
nunca me deixa sozinho, fala sem parar, chora sem motivo, diverte-se fazendo-me sofrer e estou vindo devolvê-la porque não posso viver com ela!"

"Está bem", respondeu Deus, e tomou a mulher de volta.

Passou outra semana, o homem voltou e lhe disse:
"Senhor, estou muito solitário desde que devolvi a criatura que fizestes para mim.
Ela cantava e brincava ao meu lado, olhava-me com ternura e seu
olhar era uma carícia, ria e seu riso era música, era formosa e suave ao tato. Devolvei-ma, porque não posso viver sem ela!"

"Está bem", disse o Criador. E a devolveu.

Mas, três dias depois, o homem voltou e disse:
"Senhor, eu não sei. Eu não consigo explicar, mas depois de toda esta minha experiência com esta criatura, cheguei à conclusão que ela me causa mais problemas do que prazer. Peço-lhe, tomá-la de novo!
Não consigo viver com ela!"

O Criador respondeu:
"Mas também não pode viver sem ela."
E virou as costas para o homem e continuou o seu trabalho.

O homem desesperado disse: "Como é que eu vou fazer?
Não consigo viver com ela e não consigo viver sem ela."

"Achei que, com as tentativas, você já tivesse descoberto,
respondeu então Deus.

Amor é um sentimento a ser aprendido: é tensão e satisfação.
É desejo e hostilidade. É alegria e dor. Um não existe sem o outro.
A felicidade é apenas uma parte integrante do amor. Isto é o que deve ser aprendido.
O sofrimento também pertence ao amor. Este é o grande mistério do amor.
A sua própria beleza e o seu próprio fardo. Em todo o esforço que se realiza para o aprendizado do amor é preciso considerar sempre a doação e o sacrifício ao lado da satisfação e da alegria.
A pessoa terá sempre que abdicar alguma coisa para possuir ou ganhar uma outra coisa.
Terá que desembolsar algo para obter um bem maior e melhor para sua felicidade. É como plantar uma árvore frente a uma janela. Ganha sombra, mas perde uma parte da paisagem.
Troca o silêncio pelo gorjeio da passarada ao amanhecer.

É preciso considerar tudo isto quando nos dispomos a
enfrentar o aprendizado do amor."

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